Os gráficos de alta tecnologia continuam sendo uma prioridade para muitos estúdios AAA, mas a viabilidade econômica desse modelo está sendo questionada. De acordo com uma matéria publicada pelo The New York Times, vários desenvolvedores admitiram que os altos custos e a pressão associados à produção de gráficos de ponta tornaram-se um grande problema na indústria. Em um cenário de demissões frequentes nos últimos anos e crescimento dos custos de desenvolvimento, os jogos de grande orçamento enfrentam dificuldades crescentes para obter retorno financeiro satisfatório. Por outro lado, o mercado indie continua em expansão, oferecendo títulos com orçamentos mais enxutos e maior liberdade criativa, enquanto o modelo tradicional de “pague uma vez e jogue” já não parece ser sustentável para produções de grande porte.
Falando sobre o tema, Jacob Navok, ex-chefe da Square Enix, destacou que visuais impressionantes geralmente atraem apenas um público específico. Ele exemplificou com um comentário provocativo: “Jogos como Minecraft, Roblox e Fortnite, que rodam perfeitamente em hardware acessível, conquistam os players sem depender de visuais de última geração.” Embora sua opinião seja vista como exagerada por alguns, os dados corroboram a ideia de que o sucesso não depende exclusivamente de gráficos ultrarrealistas, já que muitos dos jogos mais populares hoje possuem estética simplificada e acessível.
Outro ponto relevante foi levantado por Rami Ismail, cofundador do estúdio Vlambeer, ao abordar o impacto das novas tecnologias, como a IA, no futuro dos jogos. Ele destacou: “Ainda não entendemos completamente como usar IA e suas fontes de dados. A questão é: como criar jogos menos focados em gráficos, mais curtos e com uma remuneração justa para os desenvolvedores?” Segundo ele, se a indústria não conseguir ajustar o modelo de trabalho, enfrentará um declínio gradual.
Essas discussões evidenciam que os modelos de desenvolvimento baseados em gráficos ultrarrealistas estão em xeque. A indústria parece caminhar em direção a novas soluções, com maior foco na sustentabilidade e na inovação, enquanto se distancia de ciclos de produção que priorizam a estética tecnológica em detrimento da viabilidade econômica.